sexta-feira, 26 de setembro de 2008

NY melhora à espera de pacote, mas Bovespa cai 2,02%

por Claudia Violante da Agência Estado
26.09.2008 17h53

As negociações em torno de um consenso sobre o pacote de ajuda ao sistema financeiro norte-americano serviram de justificativa para a alta e a baixa das bolsas. E no mesmo dia. A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) chegou a cair mais de 3,5% no pior momento do pregão hoje, diante do recuo dos republicanos ontem à noite, do que já seria um pré-acordo para votar o socorro bilionário. As Bolsas norte-americanas também trabalharam a maior parte da sessão em baixa. Mas a avaliação de que não passa desse final de semana a solução fez com que os índices nos EUA devolvessem a queda e, aqui, por tabela, a Bolsa melhorasse.
O índice Bovespa terminou o dia em baixa de 2,02%, aos 50.782,99 pontos. Oscilou entre a mínima de 49.902 pontos (-3,72%) e a máxima de 51.824 pontos (-0,01%). Na semana, teve perdas de 4,28%. No mês, a baixa acumulada atinge 8,79% e, no ano, 20,51%. O giro financeiro totalizou R$ 5,093 bilhões. Os dados são preliminares.
Em Wall Street, o Dow Jones terminou em alta de 1,10%, depois de uma sessão onde o sinal negativo predominou. Registrou 11.143,13 pontos no final. O S&P 500 subiu 0,34%, aos 1.213,27 pontos, e o Nasdaq caiu 0,15%, aos 2.183,34 pontos. Os dados são preliminares. O pessimismo com o não acordo ontem, visto no início dos negócios e até metade da tarde, foi trocado pelo otimismo de que o Congresso americano vai alcançar um consenso para socorrer o setor financeiro. Essa percepção ajudou a limitar as perdas do mercado ao longo do dia, apesar da maior falência bancária dos EUA, a do Washington Mutual.
A maior instituição de poupança dos EUA faliu ontem, mas, numa operação expressa, acabou nas mãos do banco JPMorgan Chase, que em março já tinha arrematado o banco de investimentos Bear Stearns. Ainda esta tarde, o jornal The New York Times informou que o Wachovia, que também enfrenta sérios problemas, estaria em conversações para se fundir ao Citigroup. Ou seja, aos poucos, as soluções vão se efetivando, o que reforçou a melhora da percepção dos investidores.
A expectativa é de que um acordo nos EUA seja aprovado até as 19 horas de domingo, antes da abertura dos mercados asiáticos. Se isso não ocorrer, não há quem preveja uma segunda-feira saudável aos negócios: pode-se esperar o pior, segundo especialistas. "Quase não importa que versão do plano será, na verdade, desde que estabeleça alguma estabilidade ", disse o estrategista da Cantor Fitzgerald Marc Pado.
Na Bovespa, além dos efeitos da crise externa, também pesou a notícia de que Sadia e Aracruz tiveram perdas com operações cambiais no mercado futuro. Sadia PN despencou 35,48% liderando as baixas do Ibovespa, e foi seguida por Aracruz PNB, 16,77%.
Ontem, após o fechamento do mercado, a Sadia informou perdas de R$ 760 milhões ao tentar liquidar antecipadamente operações financeiras no mercado de câmbio. Segundo o diretor de Relações com Investidores da companhia, Welson Teixeira Júnior, a exposição da Sadia ao mercado de câmbio extrapolou as metas da companhia. Desde junho, a exposição líquida da empresa passou de US$ 700 milhões para US$ 3,5 bilhões, e a meta era não ultrapassar US$ 1,7 bilhão. Depois do fechamento do pregão, a agência de classificação de risco de crédito Moody's rebaixou o rating da Sadia de Ba2 para Ba3.
No caso da Aracruz, a empresa também anunciou que seu volume de perda com câmbio futuro pode ter excedido limites, mas não informou o valor, que será apurado por uma empresa contratada especialmente para isso.
Em tempo: após o fechamento do mercado, a Petrobras anunciou a existência de cerca de 150 milhões de barris de óleo leve no bloco BM-S-40, localizado em águas rasas ao sul da Bacia de Santos. As ações preferenciais (PN) da estatal recuaram 2,36% e as ordinárias 1,72% durante o pregão regular.

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